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Assombrações do Recife Velho (A Gilberto Freyre)
Cadeiras balançam
sem gente, sozinhas.
Fantasmas, rumores
na cama, estilhaços.
Apagam-se os lampiões
de bicos de gás
e as lamparinas
de azeite no quarto.
As rezas das tias,
velas no oratório.
A noite comprida
não acaba mais.
Cavalos, boleeiros,
de fraque e cartolas
nas ruas vazias.
A moça encantada
no Encanta-Moça.
O Sobrado-Grande
com assombração.
A ronda do Diabo
na Cruz do Patrão
com fogo nos chifres,
correndo no istmo
de Olinda ao Recife.
Canoas sem remo
no Capibaribe.
Uivos dos cachorros
no fundo dos sítios
e dos lobisomens
pegando as mulheres
na Volta do Mundo.
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